Um grupo de voluntários do Colégio Notre Dame de Lourdes retornou ao bairro Terra Prometida, em Cuiabá (MT), neste último final de semana para entregar mais 500 cestas básicas a famílias de haitianos. Durante a ação também foi feito um levantamento das condições de cada família para projetos de médio e longo prazos.
A Irmã Marluce Almeida, diretora do Colégio Notre Dame de Lourdes, explicou que esta foi a terceira visita ao Terra Prometida. “Estamos desenvolvendo um projeto de aproximação, de construção de vínculos com os povos haitianos que residem nesse bairro. No sábado foram distribuídas cestas básicas e também fomos visitar as famílias e ouvi-las”.
A diretora observou que os voluntários foram levar solidariedade, reconhecimento e acolhimento para todos eles. No domingo, um grupo menor, formado por seis pessoas, retornou ao bairro para ouvir as lideranças dos haitianos e suas necessidades.
“Estamos com uma equipe de aproximadamente 35 pessoas, que inclui pais, alunos, professores e funcionários, e estamos assumindo esse projeto solidário junto aos povos haitianos presentes em Cuiabá”, pontuou.
Irmã Marluce lembrou que a fundadora da Congregação da Imaculada Conceição, Santa Emilie de Villeneuve, desde muito tempo desejou que as Irmãs Azuis tivessem uma presença no Haiti.
“Após o terremoto, nós tivemos uma comunidade das Irmãs naquele país. Ao estar agora com o povo haitiano, nos sentimos enviados por Deus e por Santa Emilie, de servir os mais necessitados e de receber deles toda a resiliência, toda a capacidade de se sentir amados, acolhidos por eles”.
A diretora do Notre Dame agradeceu a todos os pais, alunos, professores e colaboradores que estão somando forças nessa rede solidária junto aos haitianos. “Nós estamos recebendo muito mais do que aquilo que estamos buscando oferecer”, completou.
Acsdene Alparaitne, 46 anos, pedreiro, contou que passou 10 anos fora do Haiti antes de chegar na Capital mato-grossense. “Eu estava morando na República Dominicana. Quando entrei aqui, a vida estava difícil. Cheguei em meio a crise no Brasil e não havia trabalho”.
Foram dois anos até conseguir arrumar um emprego e desde 2018 está trabalhando com carteira assinada. “Com tudo que eu fiz na firma, consegui comprar um lote aqui para morar. Eu cheguei sozinho no Brasil, depois trouxe a minha esposa, que hoje trabalha em um restaurante. Ainda tenho um filho de 12 anos no Haiti”, relatou.
Acsdene quer trazer o garoto para Cuiabá e enquanto isso manda dinheiro todo mês para ele, que mora com a avó e não esconde a saudade dos pais. “O custo para trazer ele é muito alto e meu salário não dá para pagar”.
Sobre o Terra Prometida, Acsdene disse que o grande problema é a falta de água. “Eu consegui arrumar dinheiro para comprar uma mangueira para pegar água, mas é tudo muito difícil. Como os alimentos estão custando muito caro, só me resta agradecer a ajuda que a escola está dando à minha família. Eu me sinto parte brasileiro, porque é todo mundo muito carinhoso”.
São 900 famílias vivendo naquela comunidade desde 2016, das quais 150 são famílias de haitianos. O presidente da Associação de Moradores do Terra Prometida, Antônio Lemes de Paula, disse que a maioria é extremamente carente e precisa de ajuda. “Aqui o pão de cada dia não está faltando, graças a essas pessoas voluntárias”.
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