O Colégio Notre Dame de Lourdes realiza mais uma agenda de Educação Continuada com professores e colaboradores da instituição sob a coordenação da Irmã Marluce Almeida e os ensinamentos da Santa Emilie de Villeneuve. No primeiro dia, participação da Mestra e Doutora em Psicologia da Educação pela Unicamp Flávia Vivaldi que palestrou sobre o tema “Relações interpessoais e desenvolvimento da autonomia moral na escola”. No segundo dia, dinâmica e mais rodas de conversa em busca do aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem, uma busca permanente da Rede Azul (confira as fotos abaixo).
A especialista Flávia Vivald, que escreve semanalmente para a revista Nova Escola/Gestão Escolar da Fundação Victor Civita, defende que a escola esteja cada vez mais preparada para enfrentar as transformações da sociedade, que os professores permitam o protagonismo infanto-juvenil na formação de crianças e adolescentes e que a escola cada vez mais compartilhe valores morais e éticos que sejam universais. Veja o que ela tem a dizer com detalhes sobre o tema.
Como a escola deve trabalhar conceitos de regras e princípios com seus alunos?
FLÁVIA VIVALDI - Conceitos de regras e princípios, não consistem apenas na parte conceitual, mas como se dá na criança o desenvolvimento e a construção da noção de regras. Paralelo a isso a gente faz uma relação do que a regra tem a ver com a moral, com o desenvolvimento da moralidade do ser humano, porque respeitar ou não a regra está ligada a moral. Por isso é preciso trabalhar quais regras devem integrar e serem fortalecidas na escola para que de fato a gente se comprometa com a formação de um ser humano melhor e quais aquelas que a gente nem precisa ter tanta rigidez. Muitas vezes o professor se preocupa mais com as questões organizacionais, o que é muito importante. Mas, nunca podem ser mais importantes do que aquilo que fere as relações interpessoais, os valores morais.
A escola funciona como uma extensão da família na orientação do aluno sobre regras e moral?
FLÁVIA VIVALDI - A família é sempre a primeira instituição social. Com o contato familiar a criança tem contato com as primeiras regras sociais e morais, mas a gente não pode nunca esquecer que a família é um espaço privado. Então muitas vezes as regras que pertencem a uma família não são regras que devem ser compreendidas como universalizáveis. E muitas vezes neste contexto é que acontecem divergências entre essas duas instituições. Às vezes a família busca invadir o espaço da escola, querendo colocar regras na escola que são específicas da família. Então, é óbvio que é importante essa primeira vivência nessa instituição primária que é a família, mas nem sempre as regras impostas por ela são as que devem ser universalmente compartilhadas.
A escola deve estar preparada para as transformações da sociedade, as mudanças no conceito do que pode ou não pode?
FLÁVIA VIVALDI - A escola não é um apêndice da sociedade. Ela está inserida nesse contexto que é mundial. Então ela tem deve estar antenada com essas transformações e qual é a maneira mais segura de lidar com essas transformações que acontecem ao longo da história da humanidade. É trabalhar sempre refletindo sobre os princípios. A partir do momento em que eu garanto que os princípios estão sendo respeitados, algumas atitudes e comportamentos vão sendo modificados ainda que anos atrás isso não fosse permitido. Porém, desde que não sejam feridos os princípios isso pode ser trabalhado com muita tranquilidade.
A escola deve dar espaço para que a criança atue como protagonista na sua própria formação?
FLÁVIA VIVALDI - Essa é a educação que a gente precisa batalhar para que seja cada vez mais forte. A educação que abre espaço para o protagonismo do aluno. Sem que o aluno vivencie o exercício do diálogo, da reflexão, não é possível que a gente trabalhe com a formação de um ser humano qualitativamente melhor. Que bom que a escola está se abrindo pra isso, está percebendo que não há soberania no conhecimento do professor. O professor precisa, sim, ser um favorecedor, precisa favorecer um ambiente, mediar uma situação, mas que haja principalmente espaço para que o aluno construa o seu conhecimento. Essa soberania do professor e essa crença de que somente por meio dele se dá o conhecimento é um grande equívoco, uma teoria que já foi superada. Aos poucos as escolas vão se moldando, se adequando a esse olhar que não é novo, mas que infelizmente no Brasil começa a acontecer mais agora, com mais efetividade. A importância é exatamente essa, o aluno podendo atuar sobre seu próprio desenvolvimento e isso só é possível quando há espaço para que isso aconteça.
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