Defensora Tânia Matos destaca importância da rede de enfrentamento à violência contra a mulher

10 de Março 2022

A defensora pública Tânia Matos, da Vara da Violência contra a Mulher de Várzea Grande e que atuou durante muitos anos na Vara de Execuções penais daquele município, foi a convidada da live desta quinta-feira (10.03) da Semana Nacional de Prevenção e Combate à Violência do Colégio Notre Dame de Loudes, de Cuiabá (MT), agenda criada por meio da Lei Federal N° 14.164, idealizada por um grupos de alunos da instituição.

No início da live, que foi conduzida por duas alunas do Ensino Médio, a defensora explicou que a violência começa a partir da forma como as pessoas se comunicam. “Então a violência começa com a nossa expressão corporal, que pode ser uma cara fechada, e por muitas vezes isso acontece muito dentro de casa. Depois que passa a fase do namoro, as pessoas se casam, vão morar juntas e a comunicação começa a ficar mais deturpada, porque não tem mais o encantamento do namoro. Então, precisamos prestar atenção na comunicação para que ela não seja violenta”.

Em seguida a defensora fez um resumo da sua trajetória no sistema de Justiça de Mato Grosso. Ela assumiu a Defensoria Pública em 2000, após passar no concurso, e até 2006 atuou na Vara de Execuções penais, período em que visitou muitos presídios e para conversar com os reeducandos e reeducandas.

Em 2006 criaram a Vara da Violência Contra a Mulher de Várzea Grande, e ela se habilitou pelo fato de ter participado de 2002 a 2011 no Conselho Estadual do Direito da Mulher, e já atuava no presídio feminino Ana Maria do Couto.

E foi durante sua atuação tanto na Vara de Execuções Penais quanto na Vara da Violência Contra a Mulher que ela ouviu de mulheres, mães e filhas de detentos e das próprias detentas que o marido ou filho eram pessoas boas, mas ficavam violentas quando usavam bebida ou droga. “Eu ouvi isso durante 15 anos”.

Esta situação levou a Dra. Tânia Matos a sempre pensar que em um dia, quando estivesse menos atarefada, iria se voluntariar em algo relacionado à família ou comunidade terapêutica, de reabilitação, já que atuava nas duas varas até que em 2015 a Vara de Execuções Penais de Várzea Grande foi transferida para Cuiabá. “Aí eu pude fazer um trabalho como eu gostaria que fosse, além do atendimento às mulheres na Defensoria Pública”.

Dra. Tânia Matos lembrou que as mulheres vítimas chegavam à Defensoria Pública em frangalhos, descompensadas emocionalmente, e às vezes nem conseguiam relatar direito o seu caso.

Visivelmente elas precisavam de ajuda psicológica, mas cabia à Defensoria entrar com processo de divórcio, regularização de guardas e visitas, acompanhá-la na audiência criminal para relatar toda a violência que sofreu e isso tudo demora um tempo.

“Existem prazos, Código de Processo Penal, Código de Processo Civil, a fiscalização do Ministério Público, trâmites que têm que ser obedecidos e a vítima quer resolver o problema dela em um estalo. Ela quer que a vida dela se resolva, mas infelizmente a gente não consegue resolver rápido e às vezes demora anos”, relata a defensora.

Algumas queriam só desabafar, querendo resolver a situação, que o marido pare de ser violento. A partir disso a defensora pensou em um lugar para enviar essas mulheres para atendimento psicológico

“Eu inclusive frequentei grupos de autoajuda para poder entender a cabeça dessas mulheres e neles conheci princípios e tradições e que me levaram a participar da fundação do Lírios, instituição que disponibiliza psicólogas para mulheres vítimas de violência, cuja atuação tem crescido muito e hoje é presidido pela professora Maria Fernanda, do Colégio Notre Dame de Lourdes. O Lírios recebe hoje uma procura muito grande de mulheres em busca de tratamento psicológico”.

Emocionada, a defensoraTânia Matos agradeceu a escola e o alunos pela iniciativa da semana de combate à violência contra a mulher

Muito emocionada, a defensora pública Tânia Matos encerrou a live destacando a importância da rede de enfrentamento de violência contra a mulher para combater o patriarcado, sistema de dominação da mulher pelo homem por meio da ideologia e da violência.

“É muito triste quando ouvimos depoimentos de vítimas de violência durante audiência no gabinete do juiz. Está de parabéns o Notre Dame por conversar abertamente com os alunos, por incentivar os alunos a fazerem projetos de lei e só tenho a agradecer a direção desta instituição e seus estudantes, porque nós, que somos do Estado, nos fortalecemos para continuarmos nosso trabalho quando encontramos iniciativas como. Agradeço de coração por fazer este trabalho”.

Assista AQUI a live na íntegra.

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